quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Mais de 800 brasileiros morrem por dia em hospitais por falhas



O Brasil registra 829 mortes diárias em decorrência de condições adquiridas nos hospitais, apontou o primeiro Anuário da Segurança Assistencial Hospitalar, do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS). O número equivale a três mortos a cada cinco minutos no país. Produzido pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a partir de um termo de cooperação entre as duas instituições, o levantamento mostra que eventos adversos matam mais do que a soma de acidentes de trânsito, homicídios, latrocínio e câncer. Apenas as doenças cardiovasculares, consideradas a principal causa de falecimento no mundo, matam mais pessoa no país: 950 brasileiros por dia, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia. O falecimento de 302.610 brasileiros em hospitais públicos ou privados como consequência de um evento adverso, apenas em 2016, é resultado, por exemplo, de erros de dosagem ou aplicação de medicamentos, uso incorreto de equipamentos e infecção hospitalar, entre inúmeros outros casos. Não significa, necessariamente, que houve um erro, negligência ou baixa qualidade, mas trata-se de incidente que poderia ter sido evitado, na maior parte das vezes. Além do óbito, os eventos adversos também podem gerar sequelas com comprometimento do exercício das atividades da vida do paciente e sofrimento psíquico, além de elevar o custo assistencial. De acordo com o Anuário, dos 19,1 milhões de brasileiros internados em hospitais ao longo de 2016, 1,4 milhão foram vítimas de ao menos um evento adverso. "Não existe sistema de saúde que seja infalível. Mesmo os mais avançados também sofrem com eventos adversos. O que acontece no Brasil está inserido em um contexto global de falhas da assistência à saúde nos diversos processos hospitalares. A diferença é que, no caso brasileiro, apesar dos esforços, há pouca transparência sobre essas informações e, sem termos clareza sobre o tamanho do problema, fica muito difícil começar a enfrentá-lo", analisou Renato Couto, professor da UFMG e um dos responsáveis pelo Anuário. No mundo, de acordo com o documento, ocorrem anualmente 421 milhões de internações hospitalares e 42,7 milhões de eventos adversos, um problema de saúde pública reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

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