segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Dieta pode fazer o pâncreas se regenerar e ajudar no combate ao diabetes


Dieta é baseada em muita gordura saturada, como frutas oleaginosasDivulgação

Foi descoberta uma dieta que pode ajudar quem sofre com o diabetes. Uma pesquisa da Universidade da Califórnia do Sul descobriu que é possível restaurar o pâncreas com uma dieta. Quando o órgão - que ajuda a controlar a taxa de açúcar no corpo - se regenera, os sintomas da doença consequentemente desapareceram. O estudo foi publicado na revista científica Cell.

Os cientistas fizeram experimentos com ratos e os submeteram a uma dieta bastante rigorosa, com ingestão de 800 a 1000 calorias por dia. Os ratos ficaram cinco dias consumindo baixa quantidade de calorias, carboidratos e proteínas, e muita gordura saturada, como frutas oleaginosas, nozes, castanhas, etc. 




800 a 1000

é o número de calorias que devem ser ingeridas nesta dieta



Passado esse período, os ratos puderam comer de tudo e apresentaram regeneração de um tipo especial de célula no pâncreas, chamada de célula beta. Elas detectam o açúcar no sangue e liberam insulina, caso o nível de açúcar esteja alto.

O gerente comercial, Alfredo Castanheira, gostou da novidade: “Com certeza faria essa dieta. Seria ótimo parar de tomar muitos remédios para controlar o nível de glicemia”, comenta. Para saber se a dieta pode ajudar também o ser humano, os pesquisadores fizeram o experimento em 70 pessoas e constataram melhora do nível de açúcar no sangue delas.

A nutricionista Julia Nagle acredita que estudos como esses devem ser ampliados: “São necessários mais estudos em humanos para começarmos a afirmar que a alimentação possa ter um efeito de reprogramação nas células do pâncreas”. Para ela, é possível que o efeito desse ciclo de alimentação diferenciada realmente evite que o pâncreas trabalhe em excesso e que, ao longo do tempo, o corpo adapte-se a necessidades menores de insulina, condizentes com a capacidade de produção do órgão.

O doutor Felipe Gaia, especialista com pós-doutorado em endocrinologia, comenta o resultado da pesquisa: “Dietas de baixo carboidrato são muito importantes em pacientes, especialmente com diabetes tipo 2, pois o excesso de carboidrato exige uma demanda maior do funcionamento das células pancreáticas. Essa dieta pode eventualmente proteger o pâncreas, mas isso depende do estado em que o órgão se encontra”.

É importante salientar que, embora se assemelhe, a dieta em questão não é a mesma já recomendada para os diabéticos, como explica a doutora Julia: “A dieta para o diabético não é habitualmente hipocalórica, e sim equilibrada, principalmente com relação ao teor de carboidratos, para auxiliar no controle da glicemia. Em termos calóricos é considerada uma dieta normocalórica em grande parte dos casos”.

A dieta do estudo é pobre em carboidrato, mas só nós cinco dias do ciclo restritivo. É como se houvesse uma readaptação do corpo a menores quantidades e teor de carboidrato nesse período para evitar trabalho excessivo do pâncreas.

As cobaias apresentaram bons resultados, tanto para diabetes tipo 1 quanto para tipo 2. “A medicina avança a cada dia mais e creio que estaremos próximos da cura de várias doenças, graças a pesquisas como essa”, completa seu Alfredo.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 16 milhões de brasileiros adultos sofrem de diabetes. A Federação Internacional do Diabetes alerta que mais de 400 milhões de adultos viviam com diabetes em 2015. A previsão é de que esse número chegue a 642 milhões em 2040, o que seria equivalente a um adulto diabético para cada dez adultos no planeta.

Visando controlar e reduzir o consumo de açúcar, a França proibiu o refil de refrigerante em restaurantes e fast foods. A OMS recomenda tarifar as bebidas açucaradas, para desestimular o consumo que está relacionado ao diabetes e à obesidade.

Exercícios físicos

A Associação Americana de Diabetes recomenda 30 minutos de atividade aeróbica diariamente, e atividades de resistência (empurrar, puxar, levantar) duas ou três vezes por semana para ajudar a baixar a glicose no sangue. De acordo com especialistas, fazer exercícios físicos é indispensável para pessoas com defasagem de insulina e alto teor glicêmico.

“Todo e qualquer esporte em que haja demanda muscular pode contribuir com a melhora do controle glicêmico. Com a atividade física, o metabolismo fica mais acelerado, de modo a consumir um pouco mais de açúcar e, com isso, os níveis de açúcar no sangue tendem a baixar”, conclui Felipe Gaia.

Para o personal trainer Walter Dias, a musculação é um grande aliado do diabético: "Tenho um aluno que diminuiu o remédio de diabetes, porque o corpo já não precisava mais da quantidade que ele começou a tomar antes de fazer exercício”.

Em 2011, uma pesquisa realizada pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) comprovou que praticar exercícios físicos regularmente pode baixar o nível de glicose no sangue de pacientes com diabetes tipo 2.

Aplicativo

O Glic é o primeiro aplicativo para diabetes e controle de glicemia do Brasil. Foi desenvolvido para auxiliar a rotina de cuidados com o diabético por meio de diversas funcionalidades, como consulta e registro de carboidratos, cálculo de dose de insulina, lembretes de medicamentos e registro de glicemia. Além de participar do dia a dia de quem tem diabetes, ele se conecta com a equipe médica em tempo real, permitindo decisões mais esclarecidas para o tratamento. O aplicativo está disponível para Android e iOS.

Entenda os tipos de diabetes

Em algumas pessoas, o sistema imunológico ataca equivocadamente as células beta. Logo, pouca ou nenhuma insulina é liberada para o corpo. Como resultado, a glicose fica no sangue, em vez de ser usada como energia. Esse é o processo que caracteriza o tipo 1 de diabetes. Aparece geralmente na infância ou adolescência, mas pode ser diagnosticado, também, em adultos. O tratamento é feito com insulina, controle da alimentação, medicamentos e atividades físicas.

Já o tipo 2 aparece quando o organismo não consegue usar adequadamente a insulina que produz ou não produz insulina suficiente para controlar a taxa de glicemia. Ele se manifesta mais frequentemente em adultos, mas crianças também podem apresentar o quadro. De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, dependendo da gravidade, pode-se controlar a doença com atividade física e planejamento alimentar, mas, em outros casos, exige o uso de insulina e/ou outros medicamentos para controlar a glicose. No Brasil cerca de 90% das pessoas com diabetes têm o tipo 2.

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